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Na última
sexta-feira, 27, foi divulgado um bloqueio de R$ 3,23 bilhões no orçamento do
Ministério da Educação (MEC), deliberado pela Junta de Execução Orçamentária - colegiado
responsável pela condição da política fiscal do governo federal -, montante esse
que corresponde a 14,5% da dotação orçamentária disponível. Frente este momento,
a Universidade Federal do Rio Grande vem tentando encontrar, junto às demais
instituições federais de ensino superior (IFES) e à Associação Nacional dos
Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), soluções e
alternativas para superar o cenário posto.
Na prática,
o bloqueio impede que o orçamento seja executado, inviabilizando o pagamento de
despesas como água, energia elétrica, serviços terceirizados, assim como outras
despesas essenciais para o funcionamento diário da universidade, afetando
também as despesas relacionadas à assistência estudantil. Na FURG, o montante
bloqueado corresponde a R$ 8.493.337,00, representado cerca de 15% das dotações
discricionárias da instituição.
“É
lamentável que a educação tenha sido escolhida para absorver uma restrição
orçamentária desta magnitude, inviabilizando o funcionamento de entes
profundamente estratégicos para a nação, como as universidades federais. É o
futuro das pessoas que está sendo ameaçado e, com isso, também as
possibilidades do nosso país se desenvolver”, destacou o reitor Danilo Giroldo.
De acordo
com o pró-reitor de planejamento e administração, Diego Rosa, antes do
bloqueio, a FURG já trabalhava com a expectativa de um déficit, em 2022, na
ordem de R$ 5,4 milhões devido à insuficiência de recursos orçamentários, que
não acompanham a evolução das despesas em função da pressão inflacionária,
reajustes de tarifas e dissídios coletivos. “Com essa previsão de déficit, a
universidade só conseguiria honrar seus compromissos até o mês de outubro.
Mesmo com uma gestão orçamentária bastante rigorosa e um acompanhamento
sistemático da execução dos recursos”, esclareceu o gestor.
Na atual
situação, o déficit estimado para o ano de 2022 passa para R$ 13,9 milhões. Em
outras palavras, o cenário mostra que a universidade terá muita dificuldade
para cumprir seus compromissos já a partir do mês de agosto.
Segundo o
reitor, o atual bloqueio é intempestivo e fere diretamente qualquer princípio
de planejamento orçamentário, uma vez que o limite total para empenhos havia
sido liberado pelo próprio governo. “Com isso a universidade precisará
reorganizar prioridades, mas não existe gestão orçamentária possível com um
nível de restrições desta magnitude”, alertou Giroldo
Entenda
mais sobre a constituição do orçamento universitário
Ainda
segundo Diego, o orçamento da FURG tem sido submetido a severas restrições
desde a aprovação da Emenda Constitucional 95, que impõe o conhecido “teto de
gastos”. “Essa limitação força o achatamento das dotações orçamentárias
destinadas ao pagamento das despesas discricionárias das instituições públicas,
englobando recursos para custeio e capital”, explicou o gestor.
No Projeto
da Lei Orçamentária Anual (Ploa) de 2022, previu-se uma recuperação dos valores
da dotação de funcionamento para o patamar do ano de 2019. Entretanto, com a
aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) 2022, o que acabou ocorrendo foi a
redução desta dotação – ao invés de ser complementada -, no montante de 24,51%.
Panorama
até então
Com a
aprovação da LOA, em janeiro, foram estipulados limites para a execução da
despesa. Até 31 de março foram liberados, mês a mês, limites correspondentes à
1/12 do total do recurso da Assistência Estudantil e 1/18 do restante dos
recursos previstos na Lei Orçamentária. “Isso significa dizer que, até final de
março, o percentual de orçamento liberado foi insuficiente para cobrir os
custos fixos mensais como energia elétrica, água, serviços terceirizados,
telefonia e assim por diante”, complementou o pró-reitor.
“O fato foi
agravado em razão do atraso e insuficiência na liberação dos recursos
financeiros para o pagamento das despesas. As liberações recebidas mensalmente
correspondiam a cerca de 50% do total de despesas liquidadas”, informou Diego.
Os recursos
destinados pelo governo federal para a assistência estudantil também sofreram
cortes na LOA 2022. Dotação essa com utilização prevista para a manutenção das
Casas do Estudante Universitário, oferta de refeições a baixo custo nos
Restaurantes Universitários e subsídios que permitem a estudantes de baixa
renda familiar manterem-se na universidade.
A exemplo
do que já ocorre historicamente, os recursos alocados para a assistência
estudantil na LOA são insuficientes para atender a demanda real dos estudantes
da universidade. Em 2022, essa realidade não foi diferente e a FURG precisou
complementar o recurso por meio de outras vias para garantir o atendimento às
demandas da comunidade acadêmica.
“É triste
vir a público denunciar o descaso com a educação que está sendo promovido neste
país. São retrocessos seguidos e reiterados que comprometem o futuro do Brasil.
Não há caminho possível de desenvolvimento, aumento da produtividade,
distribuição de renda e justiça social sem educação de qualidade e o que temos
visto é um abandono das políticas públicas que deveriam assegurar esse direito
da população. Somente a articulação da sociedade e a sensibilização das
autoridades poderá reverter esse cenário”, frisou o reitor.
Live
Nesta
quinta-feira, 2, reitor e pró-reitor de planejamento e administração estarão ao
vivo pelo canal oficial da FURG no YouTube para conversar com
mais detalhes sobre o cenário orçamentário e as perspectivas futuras com base
no contexto posto. A transmissão inicia às 19h30 e conta com a mediação da
jornalista da Secretaria de Comunicação institucional, Tammie Faria Sandri.
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